"Orgulho pelo percurso realizado"

 

Sem esconder que o Benfica poderia "ter feito mais" na eliminatória dos oitavos de final da Liga dos Campeões, diante do Barcelona, cujo desfecho da 2.ª mão foi desfavorável (3-1, e 4-1 no agregado) nesta terça-feira, 11 de março, no Estádio Olímpico Lluís Companys, Bruno Lage considerou que o presente trajeto das águias deve servir como aprendizagem para "repetir e fazer melhor".

Na entrevista rápida, à Sport TV, antes de comparecer na conferência de Imprensa, o treinador do Benfica apontou igualmente ao futuro, com o foco direcionado para a Liga Betclic e para a Taça de Portugal.

"Essencialmente, ficamos com o sentimento de frustração, porque podíamos ter feito melhor no conjunto dos dois jogos. A forma como sofremos os golos penaliza-nos um pouco. Vínhamos com a ambição de marcar os nossos golos e criar as nossas oportunidades. Conseguimos, mas, em termos defensivos, principalmente em termos dos duelos individuais, permitimos que os melhores jogadores do Barcelona conseguissem ter sucesso nas ações individuais", analisou Bruno Lage.

Ciente das dificuldades que o Benfica teria pela frente, o técnico reforçou o bom trabalho das águias nos três encontros com os blaugrana nesta época, ao ser questionado sobre a exibição de Lamine Yamal. "Ter um jogador com o trajeto que ele [Lamine Yamal] tem feito na época e, em três jogos, fazer um jogo bom contra o Benfica, significa o trabalho que nós fizemos em termos coletivos, isso é que é o mais importante. A equipa marcou o seu golo, criou as oportunidades que previmos que iria criar", sublinhou.

Em jeito de balanço, Bruno Lage realçou o trajeto das águias nesta Champions League 2024/25, marcada pela estreia do novo formato da prova. "Acabámos por fazer uma boa Liga dos Campeões. À partida, davam-nos... quase que não passávamos de fase, no entanto, a equipa teve sempre um percurso muito bom, com o facto de, fora de casa, ter sempre um comportamento digno. Penso que temos de estar orgulhosos daquilo que fizemos, e por isso é que eu digo: orgulhosos daquilo que fizemos, mas, ao mesmo tempo, saber o adversário e sentir que estamos frustrados, porque realmente podíamos ter feito mais no conjunto dos dois jogos", enfatizou, encarando o futuro com otimismo.

"O percurso que fizemos tem de servir como aprendizagem para voltarmos mais fortes, e voltar a repetir. Esse tem de ser o nosso sentimento: repetir e fazer melhor", garantiu.

"Fechamos aqui aquilo que foi o nosso trabalho na Liga dos Campeões, e agora é o foco total nas duas competições que nos restam, quer o Campeonato, quer a Taça de Portugal, e agora é preparar o melhor possível, recuperar e meter já o foco no Campeonato, no próximo jogo com o Rio Ave", considerou, reiterando a ideia de que "o Campeonato vai ser disputado até ao fim".

"A vitória do Braga com o FC Porto é uma vitória que coloca o Braga no patamar que merece. As últimas jornadas vão ser muito apertadas, porque, pelo menos nós, jogamos com o Sporting e o Braga. Por isso, acredito que vai ser uma guerra até ao fim, e aquilo que é o mais importante é aquilo que conseguimos controlar. Por isso, fechar este capítulo da Liga dos Campeões com orgulho, e a frustração de não conseguirmos seguir em frente, e com o foco total no jogo com o Rio Ave", vincou.

FRUSTRAÇÃO, MAS TAMBÉM ORGULHO" Antes de mais, é partilhar convosco o sentimento que estamos a viver neste momento de frustração, porque, com aquilo que fizemos no conjunto dos dois jogos, sentimos que podíamos ter um desfecho diferente. No entanto, também de orgulho pelo percurso realizado. Jogámos contra uma grande equipa. Nós até sentimos que entrámos bem no jogo, sofremos o primeiro golo, e a equipa tem uma resposta muito boa e marca de imediato. Surge um grande golo do Barcelona no segundo, e depois penaliza-nos um pouco a forma como sofremos o terceiro golo, numa transição. Entrámos na 2.ª parte com o objetivo de tentar marcar o nosso golo. As alterações que fizemos foram sempre nesse sentido, de melhorar a equipa e tentar marcar o segundo golo, mas não conseguimos. Há que dar os parabéns ao Barcelona, que realmente fez um grande jogo. Uma equipa muito boa, um treinador com uma experiência enorme, e senti na forma como prepararam o jogo e o respeito que tiveram para connosco ao longo dos jogos, fundamentalmente este. E é com mérito que seguem em frente."

"OUTRA RESPOSTA" COM MAIS FRESCURA"[A forma como o Barcelona obrigou o Benfica a errar no meio-campo foi determinante?] Sim, poderíamos ir por aí, por isso é que eu referi o enorme respeito na preparação do jogo, a pressão na frente não foi tão próxima como costuma ser e foi mais tentar controlar também aquilo que nós pudéssemos fazer no meio-campo, fundamentalmente com as nossas mudanças de flanco de um corredor ao outro e atacar a linha defensiva. Sinto que também, se chegássemos mais frescos ao jogo, podíamos ter outra resposta fundamentalmente nos duelos individuais, quer ofensivos, quer também defensivos."

CAPACIDADE OFENSIVA E A ESTRATÉGIA DEFENSIVA"[O que mudou para o Benfica ser mais ofensivo na 2.ª parte?] Eu percebo a ideia da 2.ª parte, mas acho que nos primeiros 15 minutos a equipa teve esse comportamento, conseguiu ter bola, conseguiu jogar no meio-campo ofensivo do adversário, conseguiu fazer duas ou três viradas de jogo como nós pretendíamos. Depois foi a 2.ª parte, tentámos reorganizar, tentar procurar o nosso golo, e as alterações que fizemos, curiosamente, foi sempre mexer nos três homens do meio para dar frescura e ter uma capacidade ofensiva mais próxima. [Estratégia defensiva para travar o Barcelona] Em termos defensivos, nós tínhamos de interpretar muito bem três momentos, que seriam a saída de bola do guarda-redes, a forma como nós pressionarmos, depois perceber como o adversário joga, estar alto, estar subido, com um controlo muito forte da linha defensiva no ataque à profundidade, e depois, quando estivéssemos baixo, tínhamos de estar juntos e tentar controlar o espaço entre linhas, deixar que o jogo fosse para fora. É verdade que o Barcelona criou algumas oportunidades, mas, curiosamente, o segundo golo nasce na sequência de uma bola parada, e quer o primeiro, quer o terceiro saem de duas transições defensivas que podíamos ter feito melhor."